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Foto: Divulgação EmbrapaSacaria da versão orgânica da cultivar BRS Caimbé |
Fundamentos Para a Produção Orgânica
Fonte: Pesquisador Walter
Matrangolo (Embrapa Milho e Sorgo)
Primeiro passo: conhecer o histórico da área
As formas de manejo do solo podem
interferir em sua capacidade de produção.
Muita movimentação de máquinas
cria camadas compactas que reduzem a capacidade das raízes se aprofundarem em
busca de água e nutrientes. A compactação também impede que o ar chegue às
raízes e prejudica a atividade de microrganismos importantes. A falta de
Oxigênio altera a forma química de muitos nutrientes e reduz sua assimilação.
Um solo poroso, vivo, favorece a infiltração de água, a penetração das raízes
em maiores profundidade, o que a torna mais resistente à seca e melhor nutrida.
Segundo passo: rotação entre culturas de grupos distintos - leguminosas
e gramíneas, por exemplo
É um fundamento essencial que
evita o “cansaço” do solo e diminui a chance de surtos de doenças e de insetos
fitófagos. Onde foi cultivada apenas uma espécie por muitos anos, corre-se o
risco de populações de organismos associados terem explosões populacionais no
caso de haver continuidade de cultivo semelhante.
Terceiro passo: avaliação física, química e biológica do solo
Conhecer a estrutura física do
solo é fundamental, pois implicará em cuidados especiais no manejo de
implementos. Solos mais argilosos podem ser compactados mais rapidamente,
reduzindo os macros e micros poros. O teor de matéria orgânica afeta a retenção
de água e a disponibilização de nutrientes. A excessiva movimentação de
máquinas consome matéria orgânica, pois favorece a atividade microbiana e deixa
o solo sem agregados. Solos com maior teor de matéria orgânica são capazes de
fornecer mais Fósforo. A vida no solo é essencial para a produção. Fungos e
bactérias favorecem a estruturação do solo, pois criam estruturas que agregam
pequenas partículas. Desagregado, o solo não retém água, reduz sua aeração nas
raízes e a absorção de nutrientes.
Quarto passo: conhecer o regime hídrico
A restrição de água pode ser o
principal fator a prejudicar a colheita. A cobertura do solo reduz a perda da
água de chuva por escorrimento e favorece o seu armazenamento. As constantes
mudanças nos padrões de chuva (mais veranicos e chuvas concentradas em curtos
períodos) criam condições de estresse nas plantas cultivadas.
Quinto passo: produzir matéria orgânica
Aumentar o teor de matéria
orgânica do solo é fundamental. Produção de composto orgânico a partir dos
materiais vegetais produzidos na propriedade é mais econômico e exige
planejamento. Leguminosas são capazes de transformar o Nitrogênio disponível em
compostos nitrogenados e resgatar nutrientes do solo e armazená-los em seus
tecidos, que são liberados com a decomposição. Em uma área próxima, as
leguminosas podem ser cultivadas de forma adensada e cortadas periodicamente
para suprir a demanda por nutrientes. Leguminosas com ciclos curtos tem o
inconveniente de terem que ser replantadas periodicamente. Já as perenes, com
boa capacidade de rebrota, exigem um esforço menor por demandar apenas um
plantio. Um composto ideal deve ter os nutrientes de fácil disponibilização
como ocorre com as folhas de leguminosas, além de fibras. Esse conjunto
contribui com a estrutura física do solo e o mantém protegido por mais tempo.
Sexto passo: manutenção e ampliação de áreas de refúgio para agentes de
controle biológico natural
Aves e diversos insetos que são
agentes de controle biológico são importantes para manter a população de
insetos fitófagos em níveis baixos. Migram para a lavoura para buscar alimento
(no caso de aves e insetos predadores) e hospedeiros (no caso de insetos que
precisam de outros insetos para concluir seu ciclo de vida – os parasitoides).
As populações que crescem na lavoura, após a colheita, migram para as matas e
ali se multiplicam. Novas populações são geradas que contribuirão com o
controle biológico natural na próxima safra.
Além das matas, muitas plantas
espontâneas são importantes por produzirem pólen e néctar que alimentarão
insetos benéficos. Bem nutridos, são capazes de serem mais efetivos no
controle, gerando mais descendentes.
Recomendações e Dicas Para a Produção Orgânica de Milho
Fonte: Carlos Thomaz Lopes (Grãos
Orgânicos)
1 – Nutrição do solo
Diferentemente do que ocorre com
os adubos granulados, que são prontamente acessíveis pelo sistema radicular das
plantas, a adubação orgânica requer mais tempo, seja para sua liberação, seja
para sua mineralização. Além disso, os adubos químicos são mais concentrados e
os volumes utilizados são bem menores do que os adubos orgânicos. Para ser bem
sucedido, o produtor orgânico precisa antes de qualquer coisa se ajustar a essa
realidade e acostumar-se ao uso de instrumentos com características muito
diferentes da nutrição convencional. Deve, também, avaliar que em
contrapartida, tem benefícios continuados de melhoria das condições de solo,
tanto químicas quanto físicas e biológicas. A nutrição orgânica é usualmente
obtida por meio do uso combinado de:
a) Adubação verde, com
crotalárias, feijão-guandu e feijão-de-porco, mucuna e outras leguminosas.
Essas plantas apresentam a propriedade de fixar nitrogênio no solo;
b) Fontes orgânicas de adubação,
a exemplo do esterco sólido e curtido, e do composto, que consiste no resultado
de um processo envolvendo esterco de gado ou de aves, misturado com gramíneas,
leguminosas e restos de cultura. O objetivo é adubar o sistema de produção como
um todo, não apenas a cultura. Existem diversos manuais sobre o assunto; um dos
mais práticos pode ser visto neste link.
Dicas
- Solo em primeiro lugar:
análise, avaliação e correções. Cada região apresenta características e
desafios específicos.
- Rotação e/ou consórcio da
cultura se possível com leguminosas. São as formas mais eficazes para evitar os
riscos trazidos pela monocultura.
- Composto ou esterco curado com
qualidade e quantidade adequadas à cultura principal e sempre que possível em
combinação com a adubação.
2 – Controle de plantas espontâneas
Como o uso de defensivos é vetado
no sistema orgânico de produção, resta ao produtor orgânico valer-se de
controles mecânicos e culturais, sendo quase todos preventivos. Os mecânicos
são conhecidos, podendo ser com o uso de cultivadores ou roçadeiras, e os
manuais ou costais, como a capina e a roçada. É recomendável que se faça uma
capina com cultivador na fase inicial da cultura (em torno de 15 dias após a
emergência), uma segunda em fase posterior e uma capina manual de catação. Os
métodos culturais passam, dentre outros, pelo uso de cultivares adaptadas,
arranjo de plantas, culturas de cobertura, alelopatia e rotação de culturas. É
recomendável também o controle de plantas espontâneas na área de pousio,
impedindo que essas plantas lancem novas sementes no solo, assim como a
operação de limpeza de implementos.
Um exemplo muito usado consiste
no plantio prévio de leguminosas com boa capacidade de cobertura, que
dificultam a emergência e o desenvolvimento das plantas espontâneas, além de
auxiliarem na adubação por meio da fixação de nitrogênio, assim como no
fornecimento de biomassa. Para grandes áreas, o controle de espontâneas é um
dos principais desafios e requer planejamento e utilização de ambos os
controles mencionados. Em compensação, áreas maiores têm os ganhos de escala,
que permitem utilização de equipamentos mecanizados maiores e preparação
antecipada de culturas que ocupam espaços e dificultam os avanços de plantas
espontâneas. Uma boa descrição de ambos os métodos pode ser vista em
http://panorama.cnpms.embrapa.br/copy_of_plantas-daninhas .
Dicas
- Conhecer as plantas espontâneas
com maior dificuldade de controle e antecipar-se sempre;
- Adotar espaçamento da cultura
principal que ajude no controle;
- Uso de cultivador e de
roçadeira costal (primeiro estágio)
3 – Manejo ecológico de pragas e doenças
Na agricultura orgânica, partimos
do princípio que é fundamental reconhecer as principais pragas da cultura assim
como seus inimigos naturais, além de conhecer o histórico da área. Procura-se,
por meio de monitoramento sistemático, conhecer a flutuação de pragas nas áreas
e evitar focos e condições favoráveis à sua propagação. Para tal fim, o uso
preventivo do controle biológico tem sido de particular utilidade. Como
exemplo, podemos citar a utilização do Baculovírus, o Trichogramma e o Bt
(Bacillus thuringiensis). O manejo ecológico não faz milagres, mas permite um
controle em tempo hábil, pelo monitoramento constante, e eficaz, pelo
levantamento de focos em condições de serem controlados no seu nascedouro.
Dicas
- Conhecer os principais vetores,
pragas e doenças;
- Realizar o monitoramento
semanal da área de plantio;
- Rapidez na aquisição de
biocontroles e preparação de caldas e sua aplicação.
Atenção: quanto mais constantes
as operações de rotação e de consórcio, quanto melhor for a nutrição do solo e
quanto melhor for realizado o controle de espontâneas, teremos menores riscos
de infestações de pragas e ocorrência de doenças. A biodiversidade é um dos
mais poderosos instrumentos de controle natural disponíveis para o produtor
orgânico.
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Assista aqui um vídeo sobre o sistema de produção do BRS Caimbé orgânico.
Assista aqui ao Dia de Campo na TV produzido pela Embrapa sobre o sistema orgânico de produção de milho.
Fonte: Embrapa
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