Foto: Divulgação |
O Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa) tem
incluído esse tema no desenvolvimento das suas atividades, com o objetivo de resgatar o hábito de consumir
esses alimentos e de possibilitar uma outra experiência alimentar.
“Ao longo dos anos, muitas plantas foram sendo eliminadas do
nosso cardápio, por diferentes motivos. Para algumas pessoas já virou rotina
andar pela horta ou pelos matos, procurando plantinhas para utilização na
culinária, que são desconhecidas por uma parcela significativa da população e
do poder público”, diz a coordenadora do Núcleo do CAPA de Erexim, Ingrid
Margarete Giesel.
As pancs nascem espontaneamente em hortas, quintais,
terrenos abandonados, sem cultivo. Muitas delas são comestíveis, apresentando
índices nutricionais iguais ou superiores aos vegetais que são consumidos no
dia-a-dia. Elas têm um potencial enorme para a diversificação dos cardápios, na
complementação alimentar e na geração de renda. Um destaque que vale a pena
mencionar é o seu papel como alimento funcional no organismo, com fibras, sais
minerais, antioxidantes, vitaminas, que não encontramos em outros alimentos.
Existem espécies nativas, exóticas, cultivadas e
espontâneas, frutos, folhas, vagens e grãos que não são consumidas por falta de
costume, hábito ou por desconhecimento.
Segundo dados de pesquisa, no Rio Grande do Sul, há 201
plantas nativas com frutos e sementes comestíveis nos Biomas Pampa
e na Mata Atlântica, mas as Pancs não são apenas plantas nativas, por
isso também são conhecidas como plantas alimentícias da agrobiodiversidade.
“Sabemos que o controle dos sistemas agroalimentares é
realizado por grandes corporações transnacionais, induzindo a uma dieta
padronizada e ao abandono do cultivo e uso das Pancs, interferindo na segurança
e soberania alimentar e nutricional dos povos”, salienta Ingrid.
“Dessa forma, constatamos a perda da segurança alimentar, da
agrobiodiversidade, uma dieta empobrecida e também a perda do conhecimento
acumulado sobre estas espécies. Hoje, as pessoas não têm mais poder de decisão
sobre o que comem, apenas escolhem seus alimentos dentro do que é ofertado, e,
para conservar a agrobiodiversidade, precisamos conhecer e nos alimentar com
estes produtos”. Segundo ela, há diversas pesquisas e artigos com o objetivo de
promover o resgate da cultura alimentar e da medicina popular em diversas
regiões, sensibilizando e divulgando receitas saudáveis e saborosas.
“A conscientização dos consumidores sobre o seu poder é
extremamente importante , pois as pessoas poderão estar novamente no centro da
agricultura, e não apenas produzindo matéria-prima para as indústrias. Ao
apoiar o trabalho realizado pelas famílias agricultoras que preservam a
biodiversidade, estamos contribuindo para construir um sistema alimentar justo
e solidário, encurtando cadeias entre a produção e o consumo, oportunizando a
criação de redes”, conclui a coordenadora do CAPA Erexim.
Divulgação: São Lourenço Rural
Fonte: CAPA e Globo Repórter
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